Título: Viver para contá-la
Autor: Gabriel García Márquez
Tradução: Maria do Carmo Abreu
Capa: Atelier Henrique Cayatte com a colaboração de Rita Múrias
Editora: D. Quixote
1ª Edição – 2003

Para começar terei de me subjugar à verdade, que alguns considerarão abominável, de que comecei a ler este autor com este livro que agora apresento. Não considerava a ausência de Gabriel García Marquez do meu universo uma lacuna. Contudo, após a leitura deste livro, mudei de opinião; o autor, quanto mais não seja pela experiência de escrita de muitos anos, é realmente um mago da comunicação e um grande escritor. Neste livro que, pese embora ter uma norma ficcional, o autor explora como uma autobiografia de parte da sua vida, encontramos as raízes que o tornaram escritor, sendo por isso um documento importante para quem lê ou estuda a sua obra. Começa com a frase “ a vida não é a que cada um viveu, mas a que recorda e como a recorda para contá-la”, que nos indica como deve ser lido. Nesse pressuposto, posso ser especialmente crítico nos indícios que García Marquez explora, de como era escritor desde tenra idade. Por certo ele assim o quer ver. Contudo, o que se pode ressalvar de todo o discurso é a coragem em abraçar um intento que tantos não têm, agarrados aos bens materiais, mesmo aos bens básicos de consumo. A pobreza é algo que está no passado de todos os escritores pela entrega que decidem dar à sua escrita. De louvar, portanto, como toda a vida que aqui nos dá a conhecer, onde encontramos os enredos e personagens dos seus principais livros, como dos primeiros contos, como mesmo do livro subsequente, de que falaremos de seguida. Para quem não leu o autor poderá começar por aqui, que não perderá a surpresa dos livros anteriores. Quem já leu, poderá deleitar-se na realidade de uma vida farta em acontecimentos, aproveitando para entremear com a memória das histórias que já conhece.